sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Com o crescimento de um público "single", o mercado imobiliário se volta para as residências mais compactas

Solteiros, estudantes, idosos, casais sem filhos e divorciados. Unidos numa parte considerável da população brasileira, possuem uma característica em comum: são eles que influenciam o crescimento da procura por imóveis compactos, de um ou dois dormitórios, nas grandes cidades do País e pedem por tendenciosas mudanças no mercado imobiliário.


De acordo com últimos dados do IBGE, a estrutura das famílias brasileiras está cada vez menor. Na década de 1970, a média de filhos era seis, muito mais alta do que atualmente, que caiu para menos de dois. Com essa diminuição, ocorre divergência entre demanda e oferta no meio imobiliário: as construtoras e as imobiliárias não investem há tempos em imóveis menores, o que deixou muita gente a ver navios na busca por um local ideal para morar.

Com essa perspectiva, a busca por apartamentos pequenos aponta para um crescimento, tendência que, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Americano de Arquitetos (American Institute of Architects), já foi vivenciada nos Estados Unidos no primeiro trimestre do ano, em que imóveis menores e com espaços comuns maiores se tornaram mais valorizados. No entanto, segundo Alexandre Melão, sócio-fundador da FIVE Planejamento Imobiliário, no Brasil o perfil que busca pelo mesmo tipo de imóvel não faz questão de uma imensa área de lazer. “Sempre é interessante ter academia e espaço para reunir os amigos, mas esse público prefere sair de casa para os momentos de lazer”, conta.

Para esse mesmo público que tende a crescer e que requer um local menor para viver, haverá a possibilidade de encontrar preços mais altos na hora de procurar. De acordo com Robert Reinbach, também sócio da FIVE Planejamento Imobiliário, os valores também tendem ao aumento. “São Paulo, por exemplo, é uma cidade que já está toda ocupada. Nos bairros mais consolidados, mais badalados, que possuem facilidades para o indivíduo, há uma escassez de terrenos imensa e boa parte dos imóveis já não está à venda, o que leva ao aumento dos preços”, diz o especialista no assunto.

Segundo Robert, enquanto os imóveis maiores tendem a um aumento de 10% no valor por ano, os menores visam um aumento de 15 a 20%. Ou seja, os optantes pela segunda opção sempre acabarão pagando mais por metro quadrado, onde quer que seja a nova aquisição. “O primeiro fator para a compra de um imóvel costuma ser a localização”, afirma.

“Pelo fato de as pessoas estarem muito ligadas ao local de origem, elas tendem a um bairrismo”, conta Robert. Realmente, quem nasceu na Zona Norte de São Paulo costuma preferir a Zona Norte e quem nasceu na Zona Sul está mais propenso a continuar morando na Zona Sul. Mas, pela busca de lugares menores para se viver, pode ser que a coisa mude. De acordo com o consultor, os bairros que oferecem imóveis menores, com maior quantidade e variedade, costumam estar na região central da cidade. “No entanto, os bairros mais procurados são os que se situam próximos à linha de metrô que liga a Paulista de ponta a ponta, mas ali a procura é grande e a oferta é pequena”, diz.

Acompanhando o aumento significativo do público "single", bairros de médio e alto padrão de São Paulo inclinam também a darem espaço para imóveis de menor porte. “Bairros como Pinheiros, Vila Leopoldina, Moema, Perdizes, Vila Mariana, Itaim Bibi são muito procurados por essas pessoas, mas possuem pouca oferta”, completa Robert.

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